A eleição pode não acabar no dia 30/10

Cerca de 74% dos eleitores de Bolsonaro não confiam nas urnas e 70% enxergam risco alto de fraude

Categoria

AtlasIntel

Data de publicação

14 out 2022

Autor

Yuri Sanches

Em 2018, Bolsonaro não reconheceu a própria vitória nas eleições. Caso a contestação se repita, o presidente teria apoio dos seus eleitores. Este é um dos resultados da última pesquisa AtlasIntel, a primeira realizada após o primeiro turno.

Para o eleitorado em geral, as urnas são confiáveis. Esta é a opinião de 52,5% dos eleitores, de acordo com a pesquisa Atlas. Entre os eleitores bolsonaristas, 74% não confiam nas urnas eletrônicas e 11% confiam. A diferença em relação a outros candidatos é gritante. A confiança nas urnas eletrônicas vai de 75% a 86% entre os eleitores de Lula, Tebet e Ciro.

Gráfico com resultados da pergunta "Você confia no sistema de urnas eletrônicas?" da pesquisa AtlasIntel
Cruzamento das respostas de acordo com o voto dos respondentes no 1º turno

Em uma eleição tão polarizada, com o menor número histórico de votos brancos e nulos, o embate entre duas figuras populares adquire contornos que merecem atenção quando a própria credibilidade do pleito é tão massivamente questionada por um lado e apoiada pelo outro.

Gráfico com resultados da pergunta "Qual é na sua opinião o risco de fraude eleitoral nas eleições de 2022?" da pesquisa AtlasIntel
Cruzamento das respostas de acordo com o voto dos respondentes no 1º turno

Lula já indicou que aceitará o resultado das eleições caso perca. O líder petista frequentemente diz frases como: "ganhando a eleição, quem ganhou toma posse e vai governar. Quem perdeu vai lamentar e se preparar para outra eleição".

Com o acirramento da disputa no 2º turno, a eleição provavelmente será disputada voto a voto. Caso Bolsonaro perca, a eleição provavelmente não acabará no dia 30/10. A pesquisa Atlas mostra que o atual presidente contaria com o endosso de seus apoiadores caso repita 2018 e conteste a eleição.

A maioria do eleitorado nacional confia nas urnas e não acredita em risco de fraude. Esse grupo fará sua voz ser ouvida ou o eleitorado bolsonarista será capaz de gritar mais alto por uma recontagem de votos e abertura de investigações? Teremos a resposta em breve.

Que remédio o TSE, o STF, o Congresso e as demais instituições brasileiras terão para o que pode ser a maior contestação de resultados desde a redemocratização? Uma eventual agitação social não poderá - nem deverá - impedir a posse do presidente eleito em janeiro de 2023. Ou poderá?

Autor

Yuri Sanches

Categoria

AtlasIntel

Data de publicação

14 out 2022

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