No RJ e RS, PT contraria discurso de voto útil antibolsonarista

Para vencer em 1º turno, a grande esperança de Lula é o voto útil antibolsonarista. O petista pede apoio daqueles que, acima de tudo, querem se livrar de Jair Bolsonaro. Nessa toada, eleitores de Ciro e Tebet são alvos preferenciais. O problema é que, nos estados em que o petismo é prejudicado pelo voto útil antibolsonarista, o discurso é bem diferente.

No RJ, Romário pode ser eleito com ajuda do petista Ceciliano

Na eleição para o Senado no Rio de Janeiro, os 4 primeiros colocados da última pesquisa AtlasIntel (28/09) são:

• Romário (PL): 24% dos votos totais
• Alessandro Molon (PSB): 21%
• Daniel Silveira (PTB): 16%
• André Ceciliano (PT): 9%

É fácil notar que a principal esperança de Molon reside no "voto útil" vindo de Ceciliano. Neste caso, falta coerência ao PT. Ceciliano alega que o PSB prometeu apoiar a sua candidatura. No plano nacional, o PT pede que ex-antipetistas deixem o "rancor" de lado e apoiem Lula. Este detalhe agrava a incoerência do partido. Se tucanos devem perdoar o PT na eleição presidencial, por que Ceciliano não deveria fazer o mesmo?

No RS, votos em petista podem beneficiar Onyx

A situação no Rio Grande do Sul é levemente diferente. A pesquisa AtlasIntel publicada hoje traz o seguinte cenário na eleição para governador:

• Eduardo Leite (PSDB): 33%
• Onyx Lorenzoni (PL): 29%
• Edegar Pretto (PT): 18%
• Outros candidatos tem 5% ou menos

Neste caso, a situação é mais parecida com a de Lula. Claro, há algumas diferenças. A intenção de voto de Eduardo Leite é menor que a de Lula, enquanto a de Edegar Pretto é maior que a de Ciro ou Tebet. Apesar de ser improvável, Edegar Pretto pode chegar ao 2º turno. Pesquisas servem como referência, mas movimentos de última hora podem alterar o quadro. Da mesma forma, Leite pode vencer em 1º turno. Para isso, ele precisaria do voto útil petista.

Por outro lado, a maior chance de Onyx reside justamente numa ida de Pretto ao 2º turno. Segundo a mesma pesquisa, o bolsonarista perderia do adversário tucano. Em caso de disputa contra Edegar Pretto, Onyx está à frente.

Apesar das diferenças, o quadro se mantém. Novamente, o PT se recusa a fazer qualquer movimento de voto útil antibolsonarista. Sem entrar no mérito do argumento, a postura petista soa como um velho ditado: faça o que eu digo (na presidencial), mas não faça o que eu faço (nas disputas estaduais).

Esta é a postura dos políticos petistas. Nada garante que os eleitores petistas farão o mesmo.